A estratégia cambial de Milei provoca maior demanda por dólares na Argentina desde 2019
- Renato Castanho
- 3 de jun.
- 2 min de leitura
A procura por dólares na Argentina alcançou, em abril, o patamar mais alto desde 2019, após o presidente Javier Milei praticamente desmontar os controles cambiais em vigor no país, que há anos enfrenta instabilidade econômica crônica.
De acordo com dados do banco central, cerca de 1 milhão de argentinos compraram um total líquido de US$ 1,9 bilhão no mês passado. O salto é expressivo em comparação com março, quando apenas 34 mil pessoas adquiriram US$ 6 milhões da moeda americana.

A flexibilização foi anunciada por Milei em 11 de abril, dias depois de garantir um pacote de financiamento de US$ 20 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre as medidas revogadas estava o limite de US$ 200 mensais por pessoa para compras de dólares, restrição imposta durante o governo de Mauricio Macri, em meio a uma corrida cambial que marcou sua fracassada tentativa de reeleição contra um candidato peronista.
Segundo o banco central, cerca de metade dos dólares comprados em abril permaneceu no sistema financeiro local, o que levou a um aumento de US$ 1 bilhão em depósitos bancários no período.
O fim dos controles cambiais — conhecidos no país como el cepo — foi uma aposta ousada de Milei, que enfrenta eleições legislativas em outubro e lida com dificuldades para recompor as reservas internacionais nos últimos meses.
Para analistas, o aumento na demanda por dólares era esperado. “As compras de US$ 2 bilhões não são nem surpreendentemente altas nem baixas, considerando que foi o primeiro mês sem o cepo,” avaliou Marcos Buscaglia, cofundador da consultoria Alberdi Partners, com sede em Buenos Aires.
A busca por dólares costuma crescer em períodos eleitorais. Segundo a corretora local Portfolio Personal Inversiones (PPI), a demanda costuma dobrar ou até triplicar às vésperas das eleições.
“Devemos esperar uma pressão ainda maior por dólares conforme se aproxima o pleito de 26 de outubro,” escreveram os analistas da PPI, liderados por Pedro Siaba Serrate, em relatório enviado a investidores. “Aguardamos os dados de maio para avaliar se haverá estabilização na demanda.”




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