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Papa americano e o Apocalipse 13: profecia do fim dos tempos volta a gerar polêmica

  • Igor
  • 9 de mai.
  • 3 min de leitura

Nomeação de papa americano reacende teorias sobre o Apocalipse 13; entenda o que diz a Bíblia


A escolha do americano Robert Francis Prevost como novo papa, anunciada na quinta-feira (8), provocou uma onda de reações nas redes sociais. Entre menções simbólicas e teorias apocalípticas, muitos voltaram a citar o capítulo 13 do Apocalipse — o último livro da Bíblia, conhecido também como "o livro da revelação".

Mas o que diz, afinal, o Apocalipse 13?

Esse capítulo, escrito por João no século I, faz parte do Novo Testamento e descreve duas figuras simbólicas: uma “besta que emerge do mar” e outra que “sai da terra”. Ambas são representações carregadas de metáforas, tradicionalmente associadas a sistemas de poder político e religioso.


“A besta que vi era semelhante ao leopardo, com pés como os de urso e boca como de leão. E o dragão lhe deu o seu poder, o seu trono e grande autoridade” — diz o texto bíblico.


É neste capítulo também que aparece o famoso número 666: “Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é 666.”


De acordo com o pastor e doutor em Ciências da Religião Kenner Terra, professor na Faculdade Instituto Rio de Janeiro (Fiurj) e autor de "O Apocalipse de João: caos, cosmos e o contradiscurso apocalíptico", essa passagem ficou marcada por introduzir a figura conhecida como o "anticristo" — embora o termo em si não apareça ali.


“O capítulo 13 fala de uma figura que sai do mar, com traços de autoridade política, e se relaciona com outra que emerge da terra, ligada ao poder religioso. Essa segunda figura é chamada de falso profeta”, explica Kenner.


Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters
Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters

Mas o que o papa dos EUA tem a ver com o fim do mundo?


Desde a Reforma Protestante, em certas correntes religiosas, o papa foi interpretado como o “anticristo” ou como o falso profeta mencionado no Apocalipse. Algumas teorias apontam ainda que a besta do mar seria um líder político de alcance global, que teria apoio de uma autoridade religiosa — o que, para alguns, se encaixa em uma narrativa envolvendo os Estados Unidos e o Vaticano.

Kenner cita como exemplo a influência de obras populares como Deixados Para Trás, série de livros e filmes cristãos que retratam o fim do mundo com base em leituras literais do Apocalipse. “Essas narrativas reforçam visões triunfalistas em que os EUA e o papa têm papéis centrais no desfecho profético”, diz.

Nas redes sociais, teorias conspiratórias também fazem conexões simbólicas curiosas. Um exemplo: Prevost escolheu o nome papal de Leão XIV — sendo o sucessor simbólico de Leão XIII, o que coincide com o número do capítulo do Apocalipse (13). Além disso, alguns destacam que a besta descrita por João tinha “boca de leão”.


Qual era a verdadeira mensagem por trás da visão de João?


De acordo com Kenner Terra, o texto não deve ser interpretado literalmente ou como previsão de acontecimentos modernos. O Apocalipse 13 seria, na verdade, uma crítica oculta ao imperador romano Nero, usando linguagem simbólica extraída do livro de Daniel, do Antigo Testamento.


“No Apocalipse, João recorre a imagens conhecidas do seu tempo para fazer oposição ao poder imperial. Daniel fala de quatro feras — leopardo, leão, urso e águia — e João se apropria dessas figuras para denunciar uma autoridade que ele via como opressora e destrutiva.”

Embora o Apocalipse tenha sido usado ao longo da história para tentar explicar desastres — da peste à crise climática, passando por guerras e acidentes como Chernobyl — estudiosos alertam: sua força está mais no simbolismo e na resistência política do que em profecias literais sobre o fim do mundo.

 
 
 

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